20 junho, 2007

Depois de um ano lectivo cheio de pedidos para uma participação activa no blog da República das Letras, aqui estou eu (mais vale tarde do que nunca - já dizia o ditado). Isto porque há pouco mais de duas semanas tivemos o nosso jantar de convívio e despedida dos finalistas 2007. Por ter sido escolhida pelos meus colegas do 12º para representante do nosso ano, coube-me fazer o discurso que, a partir deste ano, passa a ser tradição.
Assim, deixo aqui as minhas palavras dessa noite, para que as possam rever, ou ler pela primeira vez, já que são aquilo em que realmente acredito e o que preciso, neste momento, gritar aos jovens que estão a começar o seu "futuro", como acontece comigo.
"Há pouco menos de três anos mandaram-me escrever sobre mim e sobre o futuro. Foi assim que entrei para a República das Letras: a escrever e a pensar na minha essência. E é assim que saio, embora muito tenha mudado e muito se tenha consolidado.

Quando me propuseram como oradora e representante dos que partem agora, fui vasculhar naqueles outros textos que fiz quando entrei para o grupo. Sobre mim não sabia falar, dizia ainda não me ter encontrado, mas sabia que, dali a dez anos, recordaria o passado como caixas ou etapas arrumadas e amontoadas na minha vida. Isto das caixas e das memórias é difícil. Na realidade sou, infelizmente, possuidora de uma fraca memória: nunca sei onde ouvi ou vi as coisas e raramente me lembro dos nomes das personagens da minha vida… ou mesmo daquilo que faço! Mas da República das Letras nunca me irei esquecer. Entre a leitura, a escrita, a discussão de vários temas actuais, os jantares, a diversão, as viagens ou os passeios… os dolorosos passeios… não sei o que escolher… Até sei, mas não vou falar nisso. Porque considero que tudo foi importante para o meu desenvolvimento a nível intelectual e social.

Todas as coisas que aprendi ao longo destes três últimos anos ajudar-me-ão no futuro, mesmo que inconscientemente. A minha forma de ver o mundo mudou, assim como a minha atitude. Cresci, como é natural. Mas foi um crescimento mais rápido, como tenho constatado ao comparar-me com pessoas da minha idade, não que seja uma coisa anti-natural, é algo que vejo como necessário.

Temos ouvido dizer já muitas vezes, que para estar no topo é preciso trabalhar arduamente de modo a se ser o melhor naquilo que se faz; não é uma tarefa fácil, mas é o caminho que quero continuar a seguir e aquele que espero que tomem também. Como disse, para mim isso não é totalmente encantador, pois existem inúmeras dificuldades a criarem barreiras. É muito fácil falar no futuro dos outros, difícil é ser os tais “outros” para quem se fala e que iniciam, agora, essa etapa. Comento a minha experiência, embora curta, frágil e de autoridade nula, mas porque com estes anos de “República” tenho aprendido aquilo que me espera nos próximos, e que, para mim, estão já a começar. Confesso que tenho desesperado um pouco, com toda a pressão que recai sobre mim, mas sinto que não posso desistir. E não quero! O meu cérebro organizado, mascarado na minha existência desalinhada, é repleto de sonhos e, como quais letreiros em néon a indicarem o caminho, sinto que tenho de cumprir os objectivos a que me propus, já há algum tempo. De tal modo, preciso de alcançar a confiança e a liberdade das amarras do medo de falhar. Os que falam demasiado no insucesso acabam por serem engolidos pela sua garganta e não é isso que queremos.

Por isso, concentrem-se no objectivo. Caiam e levantem-se, entusiastas. Porque o homem chora, mas os vencedores são aqueles que têm capacidade para limparem as lágrimas.

As minhas palavras são, assim, um manifesto sobre a natureza do homem e a importância do passado, para o encontro do futuro. Mas não me cabe a mim dar conselhos, não tenho vivência nem capacidade para isso. Apenas posso falar no que considero correcto e passar mensagens que já me chegaram. Mensagens essas que guardo ciosamente e das quais me lembrarei ao longo da vida, porque é importante para alguém guardado num cofre chamado ilha, ter perspectivas e mundos há nossa volta. Não que esses mundos não nos sejam mostrados, mas os livros e a comunicação verbal e directa ainda são as melhores, apesar do progresso e tecnologia de que nos vemos rodeados.


É assim que defino os meus sábados à tarde… não uma janela, mas uma escada para o Mundo. Os degraus que nos levam ao passado, à razão e à justificação de nós próprios, dada em conselhos dos grandes mestres intemporais, os gregos da Antiguidade que no presente ainda têm palavras cheias de voz sábia que se fazem ouvir. Mas estas duas horas ganhas ao fim de semana são, também, a criação do futuro, porque esse fazemo-lo nós, com as nossas acções.

Contudo, ainda “não sei quem sou, que alma tenho” Já dizia o poeta e digo-o eu também. Isso não mudou desde que, em Setembro de 2004, um grupo se começou a encontrar, no museu, aos sábados à tarde, para ler coisas nunca antes ouvidas. Pessoalmente, não sabia o que me esperava, fomos os pioneiros, os que estiveram na linha da frente e sobreviveram. Com mérito, diga-se já!... E, embora ainda não saiba se sou espartana ou ateniense, se sou grega ou se sou persa, sei que quero ganhar a guerra. Isto aprendi aqui, na Republica das Letras, embora, na sociedade retrógrada em que nos vemos envolvidos, a competitividade seja defeito. Não a considerem assim... façam-se loucos e jogadores, porque só esses é que mudam o mundo. Queiram vocês também mudá-lo: Sempre! Façam com que a vida seja melhorada dia após dia, pensando no passado e sobretudo no futuro; na liberdade e na sustentabilidade, de uma forma activa e com muita, muita paixão.

Sejam apaixonados… e visionários, recorrendo aos vossos valores e ao passado, para compreenderem o presente e o futuro, para lutarem com afinco pelos vossos ideais.

Assim, como quais espartanos em véspera de batalha ansiosos por morrerem com glória e objectivos cumpridos, brindemos ao futuro. Ao próspero e empreendedor caminho que nos espera, se quisermos."

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04 maio, 2007


“O Estado de um só homem não é um Estado. É uma escravização da alma, da mente e do corpo da humanidade.”

Winston Churchill, in Continuem a moer-lhes o juízo, A Liderança de Guerra de Churchill

25 abril, 2007

Ou falam ou sabem

Estive, há duas semanas, na Universidade Católica, a ouvir uma conferência sobre Informações dada pelo professor Thomas Bruneau. Entre muitas coisas, disse uma que me marcou: “no que toca ao tema Informações, os que falam, não sabem; os que não falam, sabem”.

António Almeida publicou esta semana no Expresso um artigo intitulado “Decisão ou blá blá”. Mais virado para as decisões políticas, diz que “os profissionais do blá blá só atrasam”.

A ideia é a mesma: ou se fala ou se age. Claro que isto não é linear, caso contrário não haveria bons oradores/decisores, como Péricles. Mas é um ponto de vista interessante que nos mostra duas coisas. Primeiro, aqueles que se destacam pelo “blá blá” excessivo nem sempre são os melhores. Depois, os políticos perdem muito tempo com discursos explicativos, quando o importante é agir.
Constança V. Santos

15 abril, 2007

Açores
Clique no link para ver uma montagem de fotografias dos Açores, editada pelo Público on-line.

02 março, 2007

Endividamento não pára

Os portugueses nunca se endividaram tanto como em 2006. Numa época de recessão económica parece que a população, apesar das queixas, não se contém nos gastos. Os bancos agradecem. http://semanal.expresso.clix.pt/2caderno/default.asp?edition=1791

01 março, 2007

Uma visão diferente
O Relatório das Alterações Climáticas do IPCC diz-nos que as alterações verificadas se devem, na grande maioria, ao aumento das emissões de CO2, derivado da acção do Homem. Por sua vez, Martin Livermore publicou hoje no Telegraph Online um artigo que apresenta uma teoria diferente da do relatório do IPCC.

28 fevereiro, 2007

Tumor Cerebral
Um novo estudo afirma que o elevado uso dos telemóveis aumenta a probabilidade dos utilizadores virem a ter um determinado tipo de tumor cerebral na zona onde se encosta o telemóvel. Mas há também quem diga o contrário…
Roubo de quadros de Picasso
"Portrait of Jacqueline”
Foram, na madrugada de ontem, roubados dois quadros de Picasso, "Portrait of Jacqueline” e "Maya with Doll", que pertenciam à colecção da sua família.

13 janeiro, 2007

Japão, um país desenvolvido?

Todos nós sabemos que o Japão é um dos países mais desenvolvidos, principalmente a nível de inovação tecnológica. Como é então possível, que num país com este nível de desenvolvimento aconteçam coisas desta natureza? http://www.glumbert.com/media/dolphin

Constança V. Santos

09 janeiro, 2007

Optimismo, um projecto para 2007

“Ser optimista não é (…) uma opção. É, antes, uma necessidade absoluta do nosso país, um imperativo do olhar sonhador que temos de aprender a lançar sobre as coisas. Ser optimista é começar por acreditar que o sucesso é a única opção (…)”. Quem o afirma é Carlos Coelho, que, ao longo de 20 anos foi responsável por projectos de marcas em Portugal, como o Multibanco, a Telecel/Vodafone, a Galp Energia, a RTP, etc.

O que constantemente ouvimos nas notícias e no dia-a-dia é que somos um país falhado e que estamos sempre nos últimos lugares dos rankings europeus e mundiais. Apesar da sua veracidade, é importante não esquecer que temos também muitas coisas boas. A questão é que nós, enquanto país, temos que melhorar em diversos aspectos, principalmente na produtividade. Será o optimismo consciente uma ajuda?

É verdade que temos um sistema de educação fraco, uma agricultura pouco desenvolvida, somos um país pobre, temos um crescimento económico que pouco passa de 1%, uma produtividade baixa, etc. Mas também é verdade que, segundo Nicolau Santos, subdirector do Expresso, “temos um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, que disponibiliza serviços não acessíveis em Inglaterra, Alemanha ou Estados Unidos”, “temos uma empresa que se prepara para lançar no mercado mundial um medicamento anti-epiléptico de raiz totalmente portuguesa”, “temos uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média europeia”, entre muitos outros.

E agora? Temos coisas boas e coisas más. Mas o que se ouve é que somos muitos maus. Está bem, não somos muito bons. Então vamos melhorar. Como? Não sei. Mas uma de coisa tenho quase a certeza: o optimismo ajuda. Não me refiro ao optimismo que se “deita à sombra da bananeira” porque tudo irá ficar bem. Falo do optimismo que acredita que as coisas vão melhorar, mas que está consciente de que é preciso esforço e trabalho para lá chegar. Se todos formos optimistas conscientes trabalharemos com mais motivação e com um objectivo mais definido. É meio caminho andado para a produtividade aumentar e para um futuro melhor começar a ser visto no horizonte.

Porque não começar a ser um pouco mais optimista e ambicioso? O futuro do nosso país não é muito convincente, o que torna este optimismo um sentimento difícil. Mas porque não fazer um esforço? Não podemos é ficar sentados à espera que, por milagre, tudo melhore. Sei que o optimismo não é a solução, mas julgo ser uma ferramenta importante que nos ajudará a trabalhar para o crescimento económico e pessoal.
Constança Valadão Santos

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